jeudi 27 décembre 2007

A vergonha da França! La honte!




Ontem mesmo, escrevi dizendo que a França não é o paraiso, mas por aqui alguns ainda têm vergonha na cara! Infelizmente os representantes oficiais do povo nem sempre...
Quando os que governam perdem a vergonha os governados perdem o respeito. Essa é mais ou menos a frase dita por Lucila, personagem de Bibi Ferreira, na peça As favas com os escrupulos de Juca de Oliveira. Podemos aplica-la ao caso francês, um presidente da republica de uma das maiores potências o mundo não pode misturar vida privada e seu cargo de presidente. Não pode querer ir visitar o Papa acompanhado da "amante", o Vaticano diga-se de passagem enviou comunicado à França dizendo que a presença de Carla Bruni não seria permitida...Nem pode misturar férias no Egito com visita oficial. Ou risca de igualar a França as diversas republicas de bananas que conhecemos tão bem...
Vejam, em tradução livre - e sem muita atenção - um artigo que li no site Rue89 que diz um pouco da vergonha que muitos franceses estão sentindo diante dessa ofensa à Republica:

Bruni, Sarkozy e a confusão do dois "corpos do rei" Por Jean Matouk (Economista) 10H43 24/12/2007

Além do riso, a vergonha! Um sentimento que muitos julgarão ultrapassado, mas a minha primeira reação à notícia da ligação de Nicolas Sarkozy e da top model Carla Bruni foi a vergonha. A vergonha de ser hoje um cidadão francês representado no exterior por Nicolas Sarkozy.
Imediatamente me veio ao espírito a distinção do historiador Kantorowivz entre o dois "corpos do rei"; o corpo sacerdotal, pelo qual encarna a coletividade, e o corpo real, o que come, bebe, gosta. A distinção é aplicável evidentemente também aos presidentes e chefes de governo e, mais ainda, Nicolas Sarkozy, que pretende reforçar os poderes presidenciais.
Como sublinha Régis Debray no seu recente "Obscenidade democrática », é necessário ao alto escalão do Estado, ao Príncipe, um certo aparato, uma certa solenidade, o respeito a certos rituais. Mesmo se, felizmente, não é mais por direito divino, ele participa do "bouclage" da sociedade acima dela própria, sem o qual ela se degrada ; é o papel do "corpo sacerdotal" do rei. Bernard Henri-Levy observava recentemente: todos os antecessores de Nicolas Sarkozy mantinham uma distinção clara entre o primeiro e o segundo "corpo", de modo que a majestade do primeiro não seja atingida pelos eventuais desvios, em todo caso, o caráter comum do segundo.
Muito se falou sobre os desvios de Jacques Chirac e Valéry Giscard de Estaing. A França soube no fim segundo mandato de sete anos da dupla vida de François Mitterrand e a sua filha escondida. Mas sabiam, uns e outros, manter a distância que é necessária entre a sua vida privada e o seu papel simbólico. Com o atual presidente, o dois "corpos do rei" tornam-se indistintos.
O povo participa do corpo real. Vive, ao vivo, as brigas de família e as separações. Eis agora que vive, também ao vivo, a exibição do Príncipe com uma nova companheira. Para quando está previsto o sexo ao vivo ? Ainda, se esta foto tivesse sido revelada por indiscrição de um jornalista, ou por uma fotografia roubada nas entradas de serviço do Elysée, ou num outro palácio da República ou num hotel. Mas foi na Disneylândia que o Presidente organizou claramente a divulgação, ao lado de Mickey, de Minie e Popeye, que não têm nada vulgar em si, mas que, mesmo sem ter nada a ver com as escapadas presidenciais, contribuem, independente de sua vontade, a ridicularizar mais ainda o corpo sacerdotal.
Muitos afirmam que era necessário fazer algo para esquecer as honras escandalosamente atribuídas à Khadafi, por um outro acontecimento mediático. Insucesso! Os dois acontecimentos mediáticos reforçam-se e completam-se na infração levada à majestade da República. Decididamente, hoje, preferiria ser espanhol, alemão, inglês, e mesmo americano, que francês.

Jean Matouk (economista dia 24/1/2007)

http://www.rue89.com/2007/12/24/bruni-sarkozy-et-la-confusion-des-deux-corps-du-roi

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