vendredi 27 juin 2008

Anna Ramalho abala!





Sempre digo que quem tem padrinho/madrinha não morre pagão...pois é eu sou uma dessas pessoas... a vida tem sido generosa e tenho tido padrinhos e madrinhas absolutamente maravilhosos...minha amiga Ramalho está entre eles...nos conhecemos oficialmente na época que fui assistente da Hildegard Angel (1988/1989)mas na verdade desde que comecei a fazer assessoria de imprensa nossos caminhos se cruzaram e ela sempre me deu a maior força...assim como a Angela Rego Monteiro, a Christine Ajuz, o Boechat, foram pessoas com as quais sempre puder contar...e isso não dá para esquecer...por isso sempre que posso penso nela e ela em mim...porque a vida é assim...e hoje lá estou eu linda, loura, japonesa, alta e despachada dando pinta nas páginas do JB com Dame Jeanne Moreau...merci, ma chérie...

Peter Brook na platéia de Jeanne Moreau






Vira e mexe encontro Peter Brook nas platéias parisienses, pode ser no Théâtre du Soleil ou no de la Madeleine mas ele está sempre prestigiando os amigos...A ligação de Brook com Moreau é antiga, foi dirigida por ele em Moderato Cantabile (1960) que recebeu seu primeiro prêmio do Festival de Cannes, aquele que fez dela mundialmente famosa. Aos 83 anos Brook tem o ar cansado, mas feliz...não morro de amores pelo trabalho dele, mas tenho um enorme carinho por tudo o que ele significa...na coluna do Terra magazine de hoje falo dele...
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2974641-EI11348,00.html

Jeanne Moreau, uma diva é uma diva, uma diva, uma diva






Fui ver Jeanne Moreau no teatro...desde que a vi em Jules e Jim me apaixonei...mas nunca tive a sorte de vê-la sur scène, logo ela que começou a vida de atriz na Comédie-Française de onde saiu para acompanhar as aventuras de Jean Vilar e seu Teatro Nacional Popular...fico imaginando Moreau e Gérard Philippe dirigidos por Vilar e se apresentando nos primórdios do Festival de Avignon...poucos ligam a imagem de Jeanne Moreau ao teatro e portanto foi lá que tudo começou...
Fui vê-la fazer uma leitura de Quartett de Heiner Müller, ao lado de Sami Frey, outro monstro sagrado do teatro (e das telas de cinema!) na França...adoro os devaneios de Müller sobre esse texto de Laclos...vi a montagem de Gerald Thomas com Tônia e Sérgio Britto, aliás foi uma das únicas coisas que Gerald fez que eu gostei...há pouco tempo vi aqui em Paris a montagem do Bob Wilson, com a Isabelle Huppert e o ator fetiche do Georges Lavaudant, Ariel Garcia Valdès, no Odéon...mas confesso que ouvir Jeanne ler esse texto foi emocionante...nessas fotos feitas após o espetáculo lembro que só os GRANDES são generosos, e a atenção dela para com o público que a esperava ao final do espetáculo era emocionante...com o cigarro na mão, ainda há deusas que fumam, nem tudo está perdido, ela atendeu a todos com uma delicadeza digna da Rainha que ela é...meu carinho eterno...aos 80 anos só posso dizer chapeau Mademoiselle...

Almoço chez Hippo, promenade aux Champs-Elysées et au bord de la Seine com a pequena Héloïse








Héloïse é uma pequena de quase seis anos, quando acabou minha bolsa da CAPES em setembro de 2005 e não havia acabado minha tese resolvi fazer com 99% dos mortais que escolhem a Europa como destino para os sesus estudos: trabalhava 19 horas por semana tomando conta dessa pequena. Segunda, terça, quinta e sexta das 16h30 as 19h...e toda quarta de 9 as 19h...um horário legal para quem tem uma tese a escrever e acima de tudo um emprego nada cabeça, coisa impossível para quem tem uma tese a escrever, pelo menos para mim...
A pequena me adora e sonha vir me visitar no Brasil, os pais só esperam que ela faça 8 anos para despachá-la sozinha para um mês de férias em minha companhia...trabalhei 10 meses com ela, mas parece que serei eternamente sua "nounou brésilienne"...ela é uma figurinha...
Na quarta-feira fui buscá-la em casa e saimos para dar uma volta no Champs Elysées, depois almoçamos no Hippo da Avenida Franklin Roosevelt, pertinho do Rond Point e depois seguimos para um passeio au bord de la Seine...uma volta de manège aos pés da Torre Eiffel, aliás do quarto da pequena é a paisagem que ela tem, la Tour Eiffel...amigas para sempre?

lundi 23 juin 2008

Olivier Py correndo o mesmo risco de Bob Wilson: ao privilegiar a estética ele perde conteúdo










Os leitores da minha coluna no Terra Magazine sabem o quanto sou fã de Olivier Py...os que nunca leram meus artigos eis os links para dois dos quais escrevo sobre Py:
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2903835-EI11348,00-De+Paris+as+Minas+Gerais.html

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1805637-EI6581,00.html

Mas dessa vez sai do espetáculo com um gosto amargo de que ficou faltando algo...Olivier Py começa a se repetir, um pouco como Bob Wilson, a gente tem sempre, pelo menos eu, a impressão de estar vendo a mesma coisa...um espetáculo de Mnouchkine será sempre um espetáculo de Mnouchkine a gente a reconhece a cada momento, mas eles jamais serão iguais ou nos darão esse gosto de déjá vu...Py envereda por esse caminho...

O espetáculo está longe de ser ruim, mas não é a perfeição que se espera de um talento como o dele. Dessa vez ele fica devendo...tudo é grandioso...como se de repente tivesse baixado uma megalomania sem fim, e de repente penso na vida dele, aos 43 anos é um dos maiores nomes da cena francesa, dirige, interpreta, escreve, é diretor do segundo maior teatro nacional francês, ainda brinca de traduzir Ésquilo, ou seja, está brincando de ser Deus...mas dessa vez ele esqueceu até do básico, o elenco é de uma disparidade ímpar, cadê os bons atores??? Se deixarmos de lado Michel Fau como Égisthe e Nada Strancar como Clytemnestre não sobra muita coisa...e por que tanta gritaria? Tive a impressão de que eles sonorizaram o espetáculo e os atores continuaram a fazer como se estivessem sem microfones, por vezes doía no ouvido...teatro microfonado no Odéon Théãtre de l'Europe, é sinal do final dos tempos...patrece que estou vendo um pseudo-produtor brasileiro, desses pretensiosos da nova geração, dizer ao final de uma montagem de O Rigoletto no Municipal do Rio de Janeiro: "tudo era bem bonito mas não sei porque não colocam microfones nos cantores"...
Mesmo assim L'Orestie de Olivier Py é um espetáculo imperdível, até para que a gente saiba que nem sempre os melhores fazem o melhor...acabou a temporada e eu continuo me perguntando, como o faço desde 2001, qual é o sentido de se montar um espetáculo que custa uma fortuna para que ele fique em cartaz de 15 de maio a 26 de junho...o sistema teatral francês é para mim o melhor do mundo, mas confesso que esse desperdício chega a ser revoltante...querendo ou não um sistema que foi concebido para ser o melhor e favorecer a classe artística acaba por despertar certos vícios e mesmo um homem que clama por um teatro popular em digno herdeiro de Jean Vilar, acaba entrando no sistema...
Mas isso é assunto para outras esferas, ainda escrevo uma carta aos franceses dizendo onde é que eles estão vacilando...o que me entristece é que quando eles vacilam a gente fica ainda mais ameaçados pelos americanos...e os que me conhecem sabem o quanto isso me incomoda...
As fotos de cena me foram enviadas pela assessoria de imprensa do Odéon e são do fotógrafo Alain Fonteray, as outras são de minha modestíssima autoria e mostram o final do espetáculo - prazer enorme de ver toda essa turma em cena - e os aplausos do público...

dimanche 22 juin 2008

Breve visita ao Soleil!











Cheguei na sexta-feira, dia 20 de junho, ao meio-dia a Roissy... Vim para casa, tomei um banho, e corri ao encontro do Soleil...onde havia terminado minha viagem de fevereiro e onde essa deveria começar...Ainda que com os efetivos reduzidos como me disse Naruna quando liguei do Brasil, muitos estavam por lá...Encontrei Maria, a que está na foto da janela...minha catalã preferida...depois subi e encontrei Lili e a turma do bureau...e lá vi a foto do mais novo membro do Soleil, Ariel, filho de Elaine e Charles-Henri que veio fazer companhia a Lucien e que nasceu dia 17 de junho...
Depois foi a ver de reencontrar Delphine Cottu, que está grávida mais um petit para o Soleil, ela e Everest esperam o bebê para fim de novembro...
Encontrei as crianças, Diego e Laia, a única menina dessa nova geração de bebês ensolarados, filha de Marjolaine - ela mesmo uma menina - e de Sérgio Canto Sabido, para os que viram a fita Au Soleil même la nuit, ele abre o espetáculo Tartufo, tocando castanholas...
Diego, filho de Dominique e Vincent, que comemorou seu primeiro aniversário no Brasil cresceu muito em relação a sua temporada brasileira e estava exausto...seus pais seguem um estgágio na ARTA e ele fica aos cuidados de Marjolaine, no Soleil sempre aue possível uns colaboram com os outros...e mesmo as crianças maiores ajudam na empreitada, Valentin, filho mais novo de Hélène Cinque, que vocês vêem na foto com a mão na massa na cozinha do Soleil, e como ela um "enfant de la balle", dá uma força e empurra o carrinho de Diego...
Momento de festa para mim, Ariane chega de carro com Juliana, que parte para o Brasil, elas ficaram impressionadas em me ver com menos 23,5kg...Ariane disse que só agora eles começam a ver meu rosto verdadeiro...ela estava contente de ver o resultado da cirurgia, afinal foi ela que me deu o impulso decisivo para a cirurgia...o encontro é rápido mas caloroso, e a promessa de nos encontrarmos para um papo...
Em seguida fui à ARTA, encontrar Jean-François Dusigne...acabei encontrando também Lucia bensasson, ver minha última coluna do Terra Magazine para saber quem é...de quebra encontrei Ehard o mago das máscaras e prometi levá-lo ao Brasil, contando com o Felisberto...
No meio do papo quem aparece? Dominique, mamãe de Diego e Dyonisos - que eu havia ido ver na escolinha da entrada da Cartouche - e logo depois chega Vincent, o papai...e eu morro de felicidade encontrando, aos poucos um por um, dos meus mais queridos...
Mas a ausência dos meus brasileiros, Naruna e Pedro, é sentida e tem uma explicação, a mãe do Pedro, aos 97 anos, decidira partir para o andar de cima...por isso adiamos o nosso "pot"...a cachaça, os maracujás e as castanhas do Pará e de cajú estão guardadas para a próxima semana, e mesmo sem poder beber estarei por lá para matar as saudades...
Foi uma bela chegada...chegar a Paris, com calor, solzinho e mprmaço no final da tarde, encontrar a Cartouche a mil com mil espetáculos, mil novas trupes que ali iniciam uma trajetória, a promessa de um novo e GRANDIOSO espetáculo de Ariane e seu Soleil, que la vie est belle...

Estou na área e se derrubarem é penâlti...



Meus caros, estou de volta a Paris...pesquisa, trabalho mas como ninguém é de ferro, teatro, muito teatro na veia nesse finalzinho de temporada...hoje vi a Orestéia, na sessão integral das 16h às 23h...divina, o Py está cada vez melhor...euzinha com 23,5kg menos na entrada e depois no terraço do Odéon Théâtre de l'Europe...